Olá!

A casa é sua

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Meio bom, meio mau.


É tanto sol lá fora que dá vontade de amanhecer-se em si.
Hoje acordei mais cedo, quis ver o dia correndo, as nuvens passando, o vento mudando de direção.
Botei meu óculos escuro, fui andar pela avenida, tanto prédio, tanta gente, tanta coisa e pressa.
Fixei-me a olhar pra frente, vi teu sorriso, mudou-se para dentro de mim com tanta pressa que não pude evitar, fiquei sem chão.
Teu cheiro sorri e sobrepõe-se a selva de pedra, és meu.
Danço entre pensamentos, meus lábios sorriem, meus olhos brilham e as palavras tuas soam para mim com toda a malemolência de um conquistador barato.
Mas quero-te assim mesmo. Meio bom, meio mau, mau no boníssimo sentido que se pode ser.
Se suas palavras dançam sobre mim, deixo que as minhas dancem sobre você.
Vamos dançar? Que saiam as palavras e entremos nós.

sábado, 20 de abril de 2013

Ao amor simples

Os lábios quentes tornam a encontrar-se no frio incessante de São Paulo.
A noite decidiu colaborar com os abraços e os olhos continuaram conversando, ainda que fechados.
Eles dançavam, seus corações agitaram-se de tal forma que qualquer um que passasse notaria a dança. Ninguém passou. A noite também cuidou para que ninguém os atrapalhassem.
Tudo exalou poesia porque tinham silêncio.
A decisão de não se soltarem já estava tomada, ainda que seus corpos precisassem se separar.
Ela era dele, ele era dela. E isso não precisava ser dito.
O tal do amor decidiu mostrar que existia e com tanta simplicidade traduziu em atos o que os mais antigos poetas tentaram descrever por palavras e o que a pobre autora deste texto sempre tentou aproximar-se.
O tal do amor prega peça, sem esforço nenhum, apenas chegando e se instalando, simples.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Microconto II

 Ela e o silêncio, percebeu que estava só. Foi devorada. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Do alto

O quão pequenos devemos ser para o Alguém que vive lá em cima...
Somos como formigas, sim, talvez ainda menores do que elas.
É como se num pequeno sopro todos nós fossemos sair voando para além do além.
Tudo pode ser tão trivial quando pensamos que somos pó e que o nosso vizinho é pó, os que se cruzam nas ruas são pó, todos somos apenas pó.
Tudo poderia seria facilmente resolvido se enxergássemos além das nuvens que não passam de vapor de água, nada mais, apenas limpemos as lágrimas do mundo e elas deixarão de existir.
Que possamos dar as mãos para que assim nossos elos sejam mais fortes, que o mundo se abrace para que caia a chuva que renove, que seja lá quem for que nos olhe, ache que somos mais inteligentes que as formigas e não nos machuque.
Mas principalmente... que paremos de nos machucar. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sonhei

"Sonhos são associações de imagens, frequentemente desconexas ou confusas." 



Sonhei que o dia estava frio. Eu sai de casa disposta a me aventurar, vestia um longo casaco preto, mas sem luto, carregava um longo sorriso no rosto. De repente me vi no mesmo lugar, outro dia, outro clima, estava eu de branco, muito mais leve do que antes, meu sorriso ainda estava lá e quando saí, talvez estivesse nas nuvens, talvez embriagada, apenas não sentia o chão. Dei-me conta de que não caí porque alguém me segurava, era meu anjo, eu tinha certeza.

Não me dei conta do tempo passando, um dia tornou-se uma hora quando o anjo ali estava, quando ele ia, um dia tornava-se mil anos.

O anjo me mostrou alguns detalhes da vida, que antes, eu jamais teria reparado ou me deixado estar.
No lugar onde as pessoas só passam correndo, sentei-me ao lado do anjo e Deus, por alguns instantes, nos olhou. (Não se preocupe, Criador, seu anjo tem feito um bom trabalho)

O anjo ia e voltava, os dias corriam dentro do sonho, mas a figura do anjo não me deixava, nem seu calor ou seu cheiro, apenas sua figura física não estava ali.

Quando reapareceu, trouxe-me outro sorriso longo, outro palpitar no coração. Sentamos novamente no meio da correria, era noite, no céu havia estrelas, bem me lembro, era como se Deus tivesse colocado como platéia, as estrelas...

Fui e voltei em pequenos devaneios quando o anjo disse que resolveu ficar e andar comigo, dançar comigo, estar comigo.

Percebi que não mentia e que era um anjo quando declarou-me seu amor.

O sonho ainda não acabou...
Não tenho pressa que acabe.
Sonho que me deixou perto de um anjo, que me trouxe mais perto de Deus que me deixou de platéia um infinito de estrelas, outro bocado de nuvens, o sol e a lua e todos mais que giravam enquanto estávamos lá.

E estamos.