Olá!

A casa é sua

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

De Jesus.

Onde estava? Na Liberdade.
Seu sobrenome era Jesus, de Jesus. Pertencia a Deus aquele homem que suspirava livre.
Sabe Deus a quanto tempo eu não escrevo seu nome com letra maiúscula.
Tinha tanta história ali dentro dele que nem com todos os anos do mundo eu poderia preenche-lo.
Não valia querer dizer que suas esposas não eram mães, perdeu a mãe tão cedo, sua casa foi o chão.
Ela pediu para que fosse forte e cuidasse do almoço. Se foi, deve ter ido uma parte dele junto.

Eu queria leva-lo pra casa, dizer que o mundo o enganou, que ele não é determinado, é incompleto.
Tanto livro que não sai, meu Deus...
Às vezes a gente entra numa bolha, fecha a saída de ar e esquece que tem gente que não respira.
Onde irá dormir o homem de Deus?
Hoje, amanhã, depois...
Quem vai dar o próximo abraço?
Dois por hoje pra nunca mais, quem sabe...

A gente acha que a dor que carregamos é a maior do mundo. Admira ver a lua porque temos um teto.
Sua tela do mundo deve ser a lua.
Temos chão, pão, gente, ódio e amor.
Não estamos satisfeitos.
Quanto deixamos de falar porque esquecemos?
Ele guarda, guarda tanto que quando acha alguém que escuta simplesmente fala.
Pode não ter sentido, pode ser só desabafo.
Alguém parou pra ouvir, pode ser raro, bota pra fora o amor que não lhe dão
- Sejam felizes, meus caros. - Diz o homem só.
- Quem sabe quando vou poder falar de novo? - Se pergunta o homem da Liberdade, preso.

Abrirei as janelas pra que entre ar.
Deixarei de assumir o que é meu pra assumir o que é de todos.
Habite aqui, em mim, morada da compaixão, Deus, Alá, seja qual for o nome que carregas.
Abra os ouvidos meus já que os teus estão surdos.
Abra a boca minha já que teu hálito já não os toca.
Deixe que meus abraços sejam ternos como a da mãe perdida e deixe-me servir o almoço.
Só não deixe o homem perdido na Liberdade.
Só não deixe o homem de Jesus que não enxerga a sua face.
"Deus, por que me abandonaste?" - perguntamos eu e o homem.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

É, são

É o mundo que anda fora do ritmo.
Um passo pra frente e três pra trás, um rever e verter sangue antes coagulado como se fosse a água que nos dá a vida. E se alimentam dele, se banham, nadam.

São as pessoas que andam meio pirronistas demais, duvidam de deus e do amor. E de mim, de ti, do pai, da mãe e da flor, que nasce e morre, pisada ou sem água, aquela que foi trocada por sangue. 

É um bom dia que não há. Acorda, toma café, um pão e um adeus. Vai voltar...

É um almoço olhando pra cadeira vazia enquanto o telejornal passa as notícias antigas do dia.

É um livro tão bonito que fala de solidão numa casa. Um louco, uma cega, um viajante, um guerrilheiro, uma possessiva e a criança que come terra e chupa o dedo acuada num casa cheia de gente vazia.

São outros quinhentos livros que a gente precisa engolir como se não soubesse que o que falta no mundo e na gente é compaixão. O milagre não está nas letras. Está nas pessoas.

É o abraço que não se dá.

É o descaso, um criar caso, um laço e um deslaço. 

A preocupação de fazer seu plano se encaixar com as outras mil e uma pessoas que esperam estar dentro dele. Enquanto você está fora...

A vontade de abraçar o que não recebeu abraço,de sentar na cadeira vazia e desligar a TV, de fechar o livro e deitar na grama, de voltar e dar um bom dia direito, a vontade de não ter um plano e de não ter dúvidas que este é o caminho certo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

3 estações


Ela nunca mais falaria ao inverno as suas aspirações de primavera.
É outono. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sebastião

"O mundo é bão, Sebastião!
O mundo é teu, Sebastião!" 
A gente amanhece cantando pro sol e dorme jurando pra lua.
Só acredito em ciclo novo quando o velho bate em retirada, mas eu ainda estou carregada dos meus velhos fantasmas do passado.
Acho engraçado que meu corpo avisa quando não tá dando mais pra aguentar o peso das palavras e dá aquele aperto entre o coração e a boca do estômago dizendo "FALA! O ar vai te faltar!". Faz um tempão que eu escrevo e rasgo, escrevo e rasgo, escrevo e rasgo, me rasgo e não escrevo.
Sabe, eu não lembro bem porquê perdi o medo do escuro... Ou foi porque eu percebi que a escuridão sempre chega, senta e vai embora ou porque foi daí que eu fui perdendo a fé. A gente sempre tem aquele pedido que faz no escuro do quarto, da alma, do peito, que de tanto repetir, desistiu que aconteça. Pois bem, eu ando no escuro.
Tem o degrau também, na verdade não tem mais degrau. Mas eu ainda passo com cuidado nessa parte da casa porque é como se ele ainda estivesse lá. Tenho uma cicatriz no joelho.
Tem também as manchinhas no espelho, eu descobri que eram manchas NO ESPELHO esses dias, achava que era defeito no rosto, no corpo, não são, mas o espelho tem minha idade e é só ele.
Vou correr e parar o tempo, engolir seco pra secar o molhado dos olhos.
Como é que a gente explica saudade sem saber o que falta?
Como é que a gente explica medo se está indo exatamente pra onde gosta?
Não explica, só sente.
Caralho, por que sentir tanto?