Olá!

A casa é sua

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Guri

A gravata aperta o nó da garganta
E sufoca a respiração, a força e a alma.
Mas ainda há alma
Nessas horas, melhor não falar.

Foi-se triste e sozinho
Aquele menino que queria entender o mundo
Num buraco fundo
Ele ficou.

Há dias que o dia não está pra riso
Amigo ou abrigo.
Só suor, frio e cansaço.
Sem drama, risada ou afago.

Há dias que são só dias.
Um a mais, sem agonias ou alegrias.
Musicando a dor
Ouvindo aquela batida qualquer que favoreça o amor.

E eu vou...
Sabendo já no que vai dar.
O amor...
Sabendo que vai que vai parar.

Ou mudar, recomeçar, religar.

Readaptar.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sobre você

Meu amor, você fez todas as canções de amor obterem sentido.
A sua imagem capturada pela minha mente é sempre com a luz baixa dando preferência às coisas que eu mais gosto em você;
Seu sorriso gentil e cínico, sincero, que me dá vontade de prender você em mim e não soltar, por nada.
Seu olhar brilhante, com luz própria, repassa a sua alma real e intacta.

Gosto mesmo de quando seu olhar cai no meu e fica, a sensação de ser admirada tanto quanto admiradora me deixa extasiada.
Gosto do seu abraço que cabe no meu, meu coração que sente o seu, o calor que não queima, mas conforta.
Gosto dos seus beijos, porque eles são meus, porque eles tem amor, tem paciência e certeza.

As minhas paisagens são melhoradas pelo seu caminhar nelas. Obrigada, meu amor, obrigada por todos esses dias da literatura mais antiga e bonita de amar.
Sua voz me faz chorar, porque você canta pra mim e cada palavra toma o significado mais sincero possível quando você as pronuncia.

Não há (nem haverá) um único dia em que sua imagem não me dê vontade de continuar, de alegriar a vida, porque, afinal, não haveria nada melhor que eu pudesse ter ou querer.
Porque te olhar acordar é simplesmente reconstruir a cara da doçura.
Seja sempre assim, exatamente como você é, tão amor, tão meu amor.

Porque você é meu olhar, meu caminhar, meu ouvir, meu falar, você sou eu.



terça-feira, 8 de julho de 2014

Achar

A gente acha que sabe de tudo e do mundo.
A gente acha que sabe.
A gente acha muita coisa.
A gente acha que tudo que tá no mundo, tá pra gente.

A gente acha que achou e quando vê, perde.
Quando viu, tá perdido.
Quando percebeu, se perdeu.

Perdeu de vista.
Perdeu de rumo.
Perdeu o estado.
Perdeu a vontade.
Perdeu a vida.
Perdeu e nunca mais encontra de novo.

Não encontra saída.
Não encontra abrigo.
Não encontra conforto.
Não se encontra.
Não encontra o outro, a outra, que se foda.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Laura

Você esteve ao meu lado no momento mais conturbado da minha pequena vida. 
Ano difícil, filho da puta, aquele...
Tinha tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra aprender, coisas que eu não gostava mas precisava e tinha de engolir igual aquele remédio bem ruim que cura o mal que tá instalado em você. 

Aquele ano filho da puta foi bem remédio mesmo, achei a saída pra uns problemas grandões em mim, tomei coragem, tomei vida, conheci pessoas encantadoras no meio do mundo louco. 
Uma delas foi você.

Eu nem acredito em outras vidas, mas quando eu vi você... senti como se tivesse te conhecido em algum outro lugar e que acreditávamos nas mesmas coisas. E isso foi estranho, bem estranho. 
Sua energia me chamou pra perto de você. E lá fui eu. 

E surpreendentemente, eu não estava errada. Se existirem outras vidas, eu com certeza tive um legado bonito ao seu lado. Se não houverem também, paciência, estou muito mais preocupada em construir esse legado agora. 

Eu sou grata ao universo por tudo que você pôde me transmitir ao longo desses anos, por cada lágima que secou, ou melhor, pelas que não deixou cair, seja com um "engole esse choro, Talita!" ou com um abraço de "calma, porra, vai ficar tudo bem, se não ficar, eu tô aqui!".  Por cada riso, cada crise de riso, você é uma palhaça no melhor sentido que se pode ser. Por cada concelho, por cada "vá em frente", por cada "eu acredito em você". Você é fantástica!

Se me perguntassem hoje o que é amigo, eu não responderia uma definição, citaria nomes e a lista começaria assim:
"Laura..."

Seu nome é bonito e me lembra momentos bons. Ele é sorriso. 

Obrigada por ter feito e por fazer parte da minha vida. Da minha melhor vida. 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Concreto

Você fecha a porta e decide que vai escrever o texto da sua vida... Sua vida. 
Escolhe a música que você acha que pode ajudar. 
Você teve um dia de muitas lembranças.

Acho que existem dias e momentos propícios para se fazer poema. Não consigo escrever no calor, por exemplo, mas preciso estar quente, de cabeça quente ou de coração quente. Também não consigo escrever algo que não me atinja. Que não seja meu, mas que me toque ao menos. 

Resolvi escrever porque lembrei, dia de chuva, lembrei como se fosse sonho, como você havia comentado, como se nunca... nunca tivesse acontecido. 

Vi a grande avenida. peguei a mão de minha mãe instintivamente, como se nunca pudesse estar ali sozinha, chovia fraco e frio, e eu olhei aqueles rostos como se já os conhecesse, eles pareciam me olhar da mesma forma. 

Olhei o grande museu, olhei o verde que brota do meio do concreto e, inexplicavelmente, consegui sentir o cheiro de café que chegava do outro lado da rua. 

Sabe quando você olha distante como se visse uma imagem nítida perdida no tempo? Vi seu rosto sério, mas feliz ali. Senti sua falta de uma forma doce e dolorida. Mas eu só sou poeta, e poetas, como mães, sentem demais. 

Devo ter comentado algo com minha mãe sobre as lembranças daquele lugar mas sem citar seu nome, guardei como segredo, como se fosse meu. 

Eu andei como que no passado e revi aqueles primeiros dias e me espantei em como o tempo correu. Vi os começos de tarde no parque, vi um café pedido, vi um sorriso e qualquer brincadeira, um olhar tão terno que me avermelhavam as bochechas e uma lugar para morar no abraço que eu acabava de descobrir.  Vi um tempo que passava rápido e uma despedida doída, vi o antes e o depois e como tive sorte de viver. 

Era tanto barulho que eu ignorava porque ouvia a sua voz, tanto frio que eu não carregava porque meu rosto estava quente, ficava sem jeito, não sabia estar ali. 

Daí percebo que escolhi as músicas da mesma época para escrever o texto da minha vida, instintivamente, de novo. E lembrei de quantas coisas ainda são completamente iguais, ainda que distintas. Como seu olhar ainda é terno, como eu ainda carrego o rubor, como ainda é sério, como meu coração palpita e meu sistema nervoso me denuncia toda vez que estou para encontra-lo, como ainda não estou de todo convencida da veracidade dos fatos, da vida. De como te amo, meu bem, estranhamente igual mas bem mais do que no começo. Não sei amar de outra maneira. 
"concreto 
con.cre.to 
adj (lat concretu) 1 Que tem consistência; condensado, solidificado. 2 Que designa ser subsistente por si só. 3 Determinado, particularizado. 4 Gram Qualificativo dos substantivos que exprimem seres materiais, percebidos por nossos sentidos. (Antôn: abstrato.) 5 Diz-se do número cuja espécie de unidade está indicada. sm 1 Aquilo que é concreto. 2 Concreção. 3 Material de construção feito com cimento, areia, cascalho e água; betão. C. armado: concreto reforçado internamente com varetas ou fios de ferro entrelaçados; betão armado. C. ciclópico, Constr: concreto no qual se empregam grandes blocos de pedra em lugar de pedra britada. C. protendido: concreto ao qual se aplicam tensões prévias para aumentar-lhe a resistência a esforços a que estiver sujeito."

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Cordiforme

Você só é destes tais que pensam demais.
Que me deixou aqui, atônica, porque a vida não disse direito o que ia fazer. Foi lá e fez.
Gosto de como você pensa, gosto porque não tens chão.
Pisas nas nuvens.
Gosto porque não consigo desgostar, porque não consigo chatear, porque não consigo deixa-lo sem gosto.
Gosto porque sonhas.
Como pode, meu deus? Como pode sonhar como eu?
E eu sempre acho que é mentira.
Eu sempre tento não pensa-lo como cordiforme.
Mas bates no mesmo compassar do meu coração.
És, e porque és que eu o amo.

Bonito

Eu conheci alguém muito bonito, uma belezura mesmo, encantador.
Um alguém com um sorriso sincero, daqueles que a gente olha e já quer logo sorrir junto, sabe?
Ele também chora com a pureza de uma criança e é tão verdadeiro que se pessoas valessem dinheiro seria considerado o alguém mais precioso do mundo. Pra mim, ele é.

O conheci e demorei a raciocinar que ele era real, que eu poderia fechar e abrir os olhos e ele continuaria lá, me olhando.

O abraço também, é coisa de gente maluca. Abraço que conforta e provoca atordoamento. Conforta por estar nele, atordoa porque todo abraço acaba e o que eu menos quero em todos os abraços, de todos esses dias e de hoje é me soltar daqueles braços.
Sua mente carrega o mundo, não é brincadeira. Ele pode pensar em números, em pessoas, em poesias e ideologias e sentir por todas elas interesse e repúdio, ódio e amor e no fim, achar que não sabe de nada.

Ele fala bonito, isso eu não sei direito explicar. Fala baixo, com uma dicção impecável e não vou negar que olha-lo falar pode ser o passatempo mais divertido pra mim. Sabe dessas vozes agradáveis? Ele é uma delas.

Ainda que diga bobagem, continua sendo bonito.

E quando me diz coisas que só as inspirações dos maiores poetas devem ter escutado...
E quando me olha como se fosse qualquer quadro cheio de cores que se precisa de um tempo para decifrar...
E quando me deixa, quando me recupera, quando some e reaparece, quando me faz sonhar...
Esse alguém é sim, a maior beleza do mundo.

O meu amor. 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

De Jesus.

Onde estava? Na Liberdade.
Seu sobrenome era Jesus, de Jesus. Pertencia a Deus aquele homem que suspirava livre.
Sabe Deus a quanto tempo eu não escrevo seu nome com letra maiúscula.
Tinha tanta história ali dentro dele que nem com todos os anos do mundo eu poderia preenche-lo.
Não valia querer dizer que suas esposas não eram mães, perdeu a mãe tão cedo, sua casa foi o chão.
Ela pediu para que fosse forte e cuidasse do almoço. Se foi, deve ter ido uma parte dele junto.

Eu queria leva-lo pra casa, dizer que o mundo o enganou, que ele não é determinado, é incompleto.
Tanto livro que não sai, meu Deus...
Às vezes a gente entra numa bolha, fecha a saída de ar e esquece que tem gente que não respira.
Onde irá dormir o homem de Deus?
Hoje, amanhã, depois...
Quem vai dar o próximo abraço?
Dois por hoje pra nunca mais, quem sabe...

A gente acha que a dor que carregamos é a maior do mundo. Admira ver a lua porque temos um teto.
Sua tela do mundo deve ser a lua.
Temos chão, pão, gente, ódio e amor.
Não estamos satisfeitos.
Quanto deixamos de falar porque esquecemos?
Ele guarda, guarda tanto que quando acha alguém que escuta simplesmente fala.
Pode não ter sentido, pode ser só desabafo.
Alguém parou pra ouvir, pode ser raro, bota pra fora o amor que não lhe dão
- Sejam felizes, meus caros. - Diz o homem só.
- Quem sabe quando vou poder falar de novo? - Se pergunta o homem da Liberdade, preso.

Abrirei as janelas pra que entre ar.
Deixarei de assumir o que é meu pra assumir o que é de todos.
Habite aqui, em mim, morada da compaixão, Deus, Alá, seja qual for o nome que carregas.
Abra os ouvidos meus já que os teus estão surdos.
Abra a boca minha já que teu hálito já não os toca.
Deixe que meus abraços sejam ternos como a da mãe perdida e deixe-me servir o almoço.
Só não deixe o homem perdido na Liberdade.
Só não deixe o homem de Jesus que não enxerga a sua face.
"Deus, por que me abandonaste?" - perguntamos eu e o homem.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

É, são

É o mundo que anda fora do ritmo.
Um passo pra frente e três pra trás, um rever e verter sangue antes coagulado como se fosse a água que nos dá a vida. E se alimentam dele, se banham, nadam.

São as pessoas que andam meio pirronistas demais, duvidam de deus e do amor. E de mim, de ti, do pai, da mãe e da flor, que nasce e morre, pisada ou sem água, aquela que foi trocada por sangue. 

É um bom dia que não há. Acorda, toma café, um pão e um adeus. Vai voltar...

É um almoço olhando pra cadeira vazia enquanto o telejornal passa as notícias antigas do dia.

É um livro tão bonito que fala de solidão numa casa. Um louco, uma cega, um viajante, um guerrilheiro, uma possessiva e a criança que come terra e chupa o dedo acuada num casa cheia de gente vazia.

São outros quinhentos livros que a gente precisa engolir como se não soubesse que o que falta no mundo e na gente é compaixão. O milagre não está nas letras. Está nas pessoas.

É o abraço que não se dá.

É o descaso, um criar caso, um laço e um deslaço. 

A preocupação de fazer seu plano se encaixar com as outras mil e uma pessoas que esperam estar dentro dele. Enquanto você está fora...

A vontade de abraçar o que não recebeu abraço,de sentar na cadeira vazia e desligar a TV, de fechar o livro e deitar na grama, de voltar e dar um bom dia direito, a vontade de não ter um plano e de não ter dúvidas que este é o caminho certo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

3 estações


Ela nunca mais falaria ao inverno as suas aspirações de primavera.
É outono. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sebastião

"O mundo é bão, Sebastião!
O mundo é teu, Sebastião!" 
A gente amanhece cantando pro sol e dorme jurando pra lua.
Só acredito em ciclo novo quando o velho bate em retirada, mas eu ainda estou carregada dos meus velhos fantasmas do passado.
Acho engraçado que meu corpo avisa quando não tá dando mais pra aguentar o peso das palavras e dá aquele aperto entre o coração e a boca do estômago dizendo "FALA! O ar vai te faltar!". Faz um tempão que eu escrevo e rasgo, escrevo e rasgo, escrevo e rasgo, me rasgo e não escrevo.
Sabe, eu não lembro bem porquê perdi o medo do escuro... Ou foi porque eu percebi que a escuridão sempre chega, senta e vai embora ou porque foi daí que eu fui perdendo a fé. A gente sempre tem aquele pedido que faz no escuro do quarto, da alma, do peito, que de tanto repetir, desistiu que aconteça. Pois bem, eu ando no escuro.
Tem o degrau também, na verdade não tem mais degrau. Mas eu ainda passo com cuidado nessa parte da casa porque é como se ele ainda estivesse lá. Tenho uma cicatriz no joelho.
Tem também as manchinhas no espelho, eu descobri que eram manchas NO ESPELHO esses dias, achava que era defeito no rosto, no corpo, não são, mas o espelho tem minha idade e é só ele.
Vou correr e parar o tempo, engolir seco pra secar o molhado dos olhos.
Como é que a gente explica saudade sem saber o que falta?
Como é que a gente explica medo se está indo exatamente pra onde gosta?
Não explica, só sente.
Caralho, por que sentir tanto?