Olá!

A casa é sua

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Distante Proximidade

Ai, quantos sentimentos cabem dentro do meu peito?
Quantos eu, você, nós, eu consigo pensar em um único dia?
Fizeste parte dos meus sonhos, chegaste próximo de minha realidade e hoje eu já nem sei bem onde estás.

Por mais que não estejas perto o suficiente dos meus olhos,
Por mais que não consiga vê-lo em minha realidade, é questão de fechar os olhos pra conseguir imaginar o teu sorriso, claro e de uma felicidade inquestionável que me transmite a tão falada paz.

Me provas que nem sempre os que se atraem são opostos.
Me trazes dores boas de sentir.
Proporcionas a calma seguida de suspiros tensos.
Fazes com que eu te deseje noite e dia e o quanto isso afaga teu ego?
E quanto isso tudo provoca um festival de ventos em mim?

Distante proximidade, quero-te perto, ainda que longe.
Mesmo que seja pele, mesmo que seja desejo, mesmo que seja amor e ainda assim, não seja nada.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Acampamento Agrário Irmã Alberta




A terra estava parada, seca, tinha dono, mas não víamos seu nome escrito no chão. A terra tinha plantação, quilômetros de um mesmo pé, ia pra os estrangeiros, aqui do lado minha filha passa fome. 
Entramos por alguns dias ninguém notou nossa presença, quando notou foi polícia pra tudo que é lado.
“Essa terra tem dono, meu senhor”.
Chegou a Televisão
“Isso é invasão”
Chegou o dono da terra.
“Tá parado mais eu ia logo usar”

Chegou no grito, tentamos falar baixo, ninguém nos ouviu, então borá gritar.
Chegou batendo, tentamos para-los, bateu na minha filha, então se é assim, vamos lá.
Terra é de quem plantar, terra é de quem precisar, não adianta afrontar, aqui, nós vamos ficar, cuidar, regar, alimentar.
Se vocês gritam o direito a propriedade, nós gritamos o direito de viver, de comer.

Somos aqueles que vocês não viram chegar, vocês nem a terra queriam plantar.
Nós vamos ficar. Debaixo da chuva, debaixo de sol, debaixo de bala, debaixo de olhares tortos, aqui é o nosso lugar.
Um dia a gente consegue. 


Foto: Gabrielle Idealli (http://www.flickr.com/photos/gabiidealli)
Texto: Talita Bezerra dos Santos


Aldeia Tenonde Porã




A Cidadã Aldeia

E a cidade foi empurrando-te devagar, não é mesmo?
Você foi ficando cada vez mais apertada, mas cada vez mais cheia.
Poderia ser cheia de ódio, mas não, encheu-te foi de vida.
As tuas crianças correm por entre a mata como eu corria no meu quintal,
Quanta agilidade, meus olhos mal os veem,
Nasceste por dentro de cada arvore, ela te abraça, você a abraça, amor.
O que nós por aqui destruímos, é pra ti, sagrado, símbolo de deus.
Fico na dúvida de quão sábios os daqui realmente são, chegando perto de curar alguns males, destruindo o que nos mantém em vida.
A verdadeira sabedoria está ai, contigo, conheces o segredo da vida.
Faces de paz, faces de cansaço.
Encheu-me de vida nova, olhar pra tua luta e ver que ainda és linda, com todas as tuas marcas.
Foto: Gabrielle Idealli (http://www.flickr.com/photos/gabiidealli)
Texto: Talita Bezerra dos Santos



Quilombo Ivaporunduva



E se a lua que começa a brilhar lá fora me trás esperança em uma noite escura, tomo novo fôlego de vida ao vislumbrar ideais tão distantes da minha rotina. A lua que ilumina trazendo-me de volta a realidade trás a lembrança de que ela não é maior que o sol que aqueceu o meu corpo e o meu coração durante um dia todo e é dele que vivo.

 Revi no dia de sol a esperança de uma humanidade tão humana quanto sempre ouvi que somos, revi no dia de sol o amor tão claro quanto a água, amor por si, por sua história, por seus companheiros, revi a luta e a dor, as lágrimas de alguns séculos estampado em vitória e sobrevivência em cada rosto.
Vi união, vi, não revi, faz tanto tempo que não a vejo que parece que foi a primeira vez.
'O individualismo é pra quem tem'
Como não concordar?

Saber que eles sobrevivem me dá vontade de sobreviver também, junto, sem individualismo.
Além, muito além desse tal "desenvolvimento", além dele está o impossível com o qual sonho e sei que é uma mentira deslavada chamá-lo de 'impossível', eu vi com os meus próprios olhos que não é.



Foto: Jaqueline da Costa Nascimento
Texto: Talita Bezerra dos Santos




sábado, 27 de outubro de 2012

Em breve...

Durante os meses de setembro e outubro estive em visita na Comunidade Quilombola Ivaporunduva (Eldorado), na Aldeia Tenonde Porã (Parelheiros) e no Acampamento Irmã Alberta (MST, próximo a Anhanguera) com o Cursinho Popular Mafalda. Produzi textos sobre o que observei em cada realidade.
Postarei em breve todos por aqui. 

Mas posso adiantar que foi uma experiência ÚNICA e MARAVILHOSA, para se guardar e contar para as próximas gerações.
Aprender a respeitar, conviver e principalmente cuidar dessas culturas matrizes de todos nós, brasileiros, é de suma importância para a preservação de nossa história quando nação. É, como disse nas reuniões, completamente diferente você estudar, ler e ver fatos observados por outras pessoas e você poder conhecer, entender e criar suas próprias opiniões com os seus próprios olhos, seus próprios sentidos.

Experiência valiosa! Uma quebra de preceitos e preconceitos!
Uma união que agora, não pode mais ser quebrada. Eu os defenderei como posso.

Atenciosamente, autora do blog.
Talita B.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Arranjei alguém chamado saudade"

Sabe... Acho que a saudade fez morada em mim, saudade do que nem aconteceu, saudade do que não veio mesmo. Tive planos, tive sonhos, imaginei cenas, criei-as, li e reli conversas, não houve nenhuma das cenas na realidade, porém se tornaram saudosistas antes mesmo de existir.
Não ligo que você me conte sobre como vai os teus amores, que me contes como foi teu dia, tuas alegrias e agonias, sinto-me mais perto de ti assim e isso é capaz de tornar qualquer dia alegre.
A chuva veio, caiu aqui no meu quintal, caiu em mim, agora, vem cessando e tem o buraco que se abre em mim quando penso que podias estar aqui, eu ai ou nós em qualquer outro lugar.
Quão clichê seria eu dizer que só olhando pra longe você enxergará que o que queres está ao teu lado?
Não direi, mas ficarei aqui.
Minhas palavras minam de mim, um dia outros as lerão e perguntaram para quem escrevi com tanta paixão, talvez eu não esteja aqui para responder, respondas por mim, sabes que cada palavra é pra ti, as minhas palavras de paixão só saem pra ti.