Olá!

A casa é sua

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Carta para o Amor

             Eu sempre preferi acreditar que pessoas como você existem, mesmo que eu não as encontre a cada esquina, ou em todo lugar, ou mesmo uma a cada mil quilômetros. Eu sempre preferi acreditar. Por isso, não tenho dúvidas do quanto eu tive sorte de achar você, de nos percebermos, de você estar no mesmo lugar que eu, de termos nos permitido viver essa história mesmo sem saber direito no que ela ia dar. Hoje, sou capaz de questionar qualquer coisa, menos a veracidade do que eu sinto ou a intensidade dos meus sentidos quando estou contigo. Você me faz sentir, nos instantes que estamos juntos, a verdadeira “vida viva” e mais do que isso, incentiva-me a busca-la todos os dias, na fé de que ela realmente pode ser alcançada (e há quem diga que eu não tenho mais fé).


            Você torna viva cada nota musical que toca no rádio. Você faz as cenas dos filmes se tornarem parte de mim. Faça frio ou calor, sol ou chuva, noite ou dia, nada, nada passa-me como insignificante quando estou do seu lado. Falta sentido na hora do adeus.

            Todas as escolhas que me levaram até você, todas as palavras que até agora foram ditas, ou não tão ditas assim. Sou grata por todas elas. Sou grata a mim e a você pelo voto de confiança que nos concedemos a cada passo que escolhemos dar para nos unirmos.

            Tem tanta coisa pra falar, tanta. Mas... quero te pedir em casamento. E por que eu? E por que agora? E por que assim?

Porque eu fiquei esperando você dizer o primeiro “eu te amo” e hoje acho que perdi tempo. Porque eu fiquei esperando você me pedir em namoro porque achava tudo recente demais. Porque se eu escrevo pra tudo, inclusive pra desengasgar as palavras que não saem, nunca saem, agora não seria diferente. Não quero todas as simbologias que esse pedido carrega. Não quero papel, testemunha, festa, branco, flores, um monte de gente pra contar história depois. Quero simples como a música do Dominguinhos... “ Não posso ficar sem você pois, viver sem você é viver pra chorar (...) Fica, meu amor, ou então me leva pra morar contigo.”
Qualquer lugar, longe ou perto, quero você aqui comigo. Eu, você e nossos livros, músicas, filmes e sonhos.

“Eu só aceito a condição de ter você só pra mim”
            A primeira mensagem, não?
Faço dela a conclusão. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

O custo sem valor

Quanto vale uma vida?
Não, perdão... Valor, não.
Quanto custa uma vida?
Custo: Despesas, desembolso, o que se paga, gasto, dificuldade, fadiga.
A vida as vezes pesa tanto que deixa de ter valor e passa a ter custo.

Custo a dormir.
Custo a acordar.
Custo a levantar.
Custo a parecer acordada.

Tudo que tem valor, não tem espaço.
Tudo que se faz com sorriso, não tem momento.
Corre no que se gosta.
Aquieta no que se pesa.

Valor riso.
Valorizo.
Que me soltem o riso.
Que se prenda o ouriço... e seus espinhos.

Levanto-me todos os dias o mesmo horário.
Levantam-me.
Acordada? Não. De olhos abertos.

Deito-me todos os dias, não no mesmo horário.
Não tem momento para isso.
Durmo? Nem cheguei a despertar.

Sonho o mundo, sonho meus sonhos.
Todos aceitamos o presente doloroso contanto que nos permita os sonhos.
Hoje, esforço.
Amanhã, também.

O sonho não chega.

Penso que, talvez, a maior tragédia dessa vida
É o tempo que a gente passa correndo atrás do vento.
E não há libertação, não há.

O despertador soou...
Não há mais tempo para palavras.
Adeus.

domingo, 7 de julho de 2013

Luta

Sinto muito mas grilhões não me servem, que caiam.
E eu, no desejo mais intimo do meu ser, não quero que eles sirvam a mais ninguém e caiam.
Tenho motivos para lutar que me levarão a frente por uma vida inteira,
Custe o que custar.

Luto por elas que usam os grilhões e não percebem,
Pois eles já se tornaram sinônimo de beleza, delicadeza.
Luto contra todos aqueles que ainda acham que submissão é uma virtude
E ensinam isso para filhas e filhos.

Luto por elas que além de presas sofrem agressões
E por todas aquelas que ainda internalizam a resposta "a culpa é minha".
Luto por poder sair na claridade do dia e na escuridão da noite
Sem medo de estar desacompanhada.

Luto por ser companheira e não uma serva.
Luto por igualdade e não superioridade.
Luto por nós, luto por todas e todos.

Luto por todas que usam os grilhões em dose dupla,
Aqueles que deveriam ter sido extintos em 1888 e pelos que estão nelas e em mim
Desde que o mundo é mundo.

Luto por elas que se deram conta dos grilhões
E que amam, amam, amam.
Amam outras elas e que por amar sofrem.

Luto por elas que nasceram elas
Mas que o mundo insiste em dizer que são outros.

Luto por elas, por mim, por nós.
Eu luto.