Olá!

A casa é sua

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Secreto

Gosto de comparar essa história de amor com o que todas as pessoas, digo, a grande maioria, esperaria de uma história de amor, uns clichês que não funcionam.
"As coisas boas vem com o tempo, as melhores de repente".
Não, não... se isso é regra eis aqui a exceção. Eles se conhecem tão bem quanto as riscas da mão de cada um deles, desde crianças e das brincadeiras infantis, são amigos.
"Quando se ama de verdade, não há sofrimento."
Eles amam de mentira, então, desde quando o amor é sinônimo de abstinência de dor?
Eles sofrem, mas sofrem juntos, a dor de um é a dor do outro.
"Amam-se, são iguais"
Eis aqui o maior clichê que não deu certo pra eles. Eles são água e vinho, dia e noite, calor e frio, opostos. Dispersos. O mundo conspiraria pra que eles nunca se unissem, o maior desafio até hoje foi quebrar as leis da física de que eles nunca se misturariam, se misturaram tanto que hoje é difícil separa-los sem levar sequer parte do outro.
Brigam. Choram. Passam dias sem se falar. Xingam-se.
Se amam, tanto que até dói de ver.
É real, já não acreditam mais em contos de fada.
Talvez eles invertam os papéis.
Ela sonha, ele acorda. Ela fala, ele escuta. Eles dormem e acordam com a certeza de que a cada dia será mais difícil, mas o reencontro compensa.
Dançam, os corpos soam, falam entre si, sussurram, beijam-se. Não há quem escute a linguagem que só eles falam.
É secreto.
É amor que não coube ainda num livro.


sábado, 22 de dezembro de 2012

Um mesmo dia, duas rotinas.

São Paulo.
18h59.
Um dia depois do fim do mundo.
Três dias antes do natal no ocidente.
Tudo como sempre foi, como deixou de ser, como hoje é.
Minha presença aumenta a tua melancolia.
Tua ausência coloca em risco a minha existência.
Ou seria a existência do que (ainda) habita em mim?
Um dia de chuva.
Um dia de dezembro.
Um dia perfeito para um copo de cerveja.
Um dia perfeito para amigos.
Um dia perfeito para toda a solidão.
Um dia perfeito para segurar lágrimas. Tudo já está bem molhado, a chuva não para.
Nunca gostou de chuva.
Hoje gosta.
Nunca gostou de chuva.
Continua não gostando.
A perfeição de fingir com as palavras e atrás delas disfarçar emoções.
A imperfeição que falta com as ações, elas desmentem as palavras, contam a verdade.
A imperfeição com as palavras, elas revelam as intenções, segundas, terceiras, sempre há.
A perfeição em transformar-se em mártir.
Ouvir músicas tristes, um dia depois do fim do mundo.
Hoje é o fim do mundo.
Ouvir carros, ouvir risadas, menos a si.
Hoje é o mundo individual.
19h08.
Não demorou.
As palavras aqui são verdadeiras.
O único lugar que se pode contar a verdade, meu papel.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Montanha e Céu


A maior das montanhas jamais encontrará o céu. Talvez por isso ou por qualquer outra coisa, ela o tenha amado.
O que é real é que não foi decisão, foi a vida mesmo.
O desespero de estar sonhando e correndo com toda a ânsia para o além, esperando que no mais alto ponto, todo o brilho escuro do céu a noite, toda a escuridão azul do céu de dia encontre com a curva sinuosa do topo da montanha e ao acordar, a montanha está no mesmo lugar, com a mesma distância.
Quando em vez, o céu manda nuvens, claras ou cinzas que passam muito perto da montanha.
Pobre montanha, vê-se sua esperança. Céu indeciso, pra que tuas nuvens se não vens a ela?
Desde a formação do mundo, vê-se a mesma cena de amor ou dor.
Dizem alguns que a história terá fim e que ela será em conjunto com outro fim, o fim do mundo.
Ali o céu vai cair, a montanha vai cair, as nuvens se misturarão com a poeira e eles serão um só.
Uns chamam de decadência, outros de tragédia, prefiro chamar de um novo começo. (Re)começo.



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A pausa

Quando se chega na pausa,
No breve intervalo entre o viver e o sobreviver,
Todos os seus pensamentos se voltam para o que você viveu,
Até hoje.

Quando se sente o escuro
E a única luz que você enxerga são suas próprias palavras
Que tentam se fixar
E tirar a faca fincada machucando seu peito.

Quando o peso de um crime que não cometeu
Começa a pesar nas suas costas
E todos os olhares que seguem seus passos dificultosos
São para te acusar.

Você descobre a solidão
Você descobre a invasão que o mundo causou e deixou um buraco
Entre o coração e pulmão e já não tem mais ar.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Indefinido

(Não estou certa se quero que esse texto soe como poesia, não tenho certeza de nada, na verdade.)

Seria muito interessante,  muito interessante mesmo, se as pessoas parassem de me enxergar como "o ser que não erra". Durante muito tempo carreguei esse peso comigo.
- Não, Talita, você não pode cair! Você tem que levantá-los. 
- Não, Talita, tenha fé! Seja pisada, jogada de um lado a outro, esquecida, aguente todo tipo de grosseiria, um dia, UM DIA, as coisas vão mudar.
- Não, Talita, você não consegue ver? As coisas já mudaram muito, como tudo está mais lindo hoje né?

Ó céus, quantas vezes eu não disse isso para mim mesma esperando que fosse uma voz divina?
A realidade é que não consigo mais ouvir essa voz. 
E que não me declaro disposta a continuar ouvindo grosserias  hoje reconhecidas como violência, com a esperança de que um dia as coisas mudem. 
"Quero a sorte de um amor tranquilo" sabe?
 Não sei mais fazer aquilo que sempre fiz de esperar calada, de chorar e chorar e chorar, perder noites de sono esperando que alguém me perdoasse simplesmente por ser humana.
De pedir desculpas como se tivesse cometido um assassinato todas as vezes que deixava toda a grosseria que jogaram em mim e eu sutilmente guardei. 
Quero, gentilmente, pedir que me deixem errar! 
Por favor, entendam o meu lado humano!
Me deixem exprerimentar o que vocês vivem sentindo, esse tal de ter dúvidas declaradas, que podem ser contadas e sentidas como se eu tivesse a obrigação de entende-los e acalenta-los como crianças sem mãe.
Porra! Eu não sei mais ser assim.
Eu preciso me sentir, preciso descobrir quem EU sou. Não quem eu queria muito ser. 
Percebem o abismo que existe nesse intervalo? 
PERCEBEM?
Por favor, digam-me que percebem. 
Queria poder cobrar de vocês que me entendessem, apoiassem, oferecessem ombros como eu fiz com vocês, mesmo saindo magoada, mesmo sendo eu a ferida. Eu fiquei lá...
Mas eu não peço nada disso, está bem?
Se vocês quiserem ir, eu vou entender. Vou mesmo, ninguém tem de sofrer o que eu tenho sofrido e ser alguém que não é. Se está pesado pra vocês entenderem o que eu tenho me tornado, podem ir.
Não que eu queira que vocês tomem os caminhos que levam vocês para longe de mim, mas por favor, não se prendam as suas promessas. 
Eu prometo entender. 
Talvez, o dia que eu estiver organizada e humana, eu volte e explique com calma pra vocês o que aconteceu.
Não agora, eu não consigo. 
Não dá.
Está um nó aqui na garganta, eu sei que vocês entendem. Vocês são humanos.
E eu sei a vontade que vocês tem agora de sair correndo e de ficarem longe disso. 
Eu também a tive. Mas vocês são humanos, não precisam ficar. 
Quem precisa de um pouco de humanidade sou eu.
Quem precisa sentir a dor que tenho fingido não ter sou eu.
Quem precisa assumir os próprios erros sou eu.
Eu vou me encontrar, prometo a vocês. 
Não prometo encontrar-me dentro de todas as expectativas, mas vou encontrar-me.
Um dia, vocês vão me entender.
E se não entenderem, tudo bem, eu amo vocês.
Amor humano, feliz ou infelizmente, mas amo.